Foi para colocar ordem nas ideias que me intrigam, me apaixonam ou me atormentam no dia-a-dia do consultório que comecei esse Substack.
No consultório, eu atendo crianças, o que por si só já considero um privilégio. Mas a coisa é ainda melhor, muito melhor — eu vejo crianças com desenvolvimento atípico, sejam porque tem autismo, TDAH ou outras coisas relacionadas. E elas são fascinantes, se você quiser e souber olhar do jeito certo.
Fui criança de diário, ler e escrever sempre foi my thing. Tanto que antes de me formar em Medicina pela UFCSPA, me formei em Letras na UFRGS. Até mestrado em Aquisição da Linguagem eu fiz. Mas a sala de aula não era para mim. Foi na vida clínica que me encontrei e encontrei material de sobra para ler e escrever.
O que você vai encontrar aqui é minha opinião sobre coisas relacionadas ao universo da neurodiversidade. Tem informação também, mas o foco dos textos não é didático ou acadêmico. Vinte anos nesse business, está claro para mim que há muito ainda o que aprender. Há poucas certezas e muita bobagem envolvendo todo o universo da neurociência das relações entre cérebro e comportamento. Há muito charlatanismo, muito pensamento mágico, muita venda de falsas promessas — e, claro, muita desilusão.
Aqui compartilho um pouco do que vivi, aprendi e sigo aprendendo. Tem alguma ciência, alguma humanidade e uma boa dose de divagação.Fico sempre muito feliz em encontrar leitores interessados em aprofundar a discussão. Este espaço é para isso. Espero que gostem.
Inscreva-se para obter acesso completo à newsletter e arquivos de publicação.
Sobre linguagem e terminologia
Embora exista uma tendência, da qual compartilho, de definir como preferencial o uso do termo mais identitário “autista” ou “disléxico”, sei que nem todas as pessoas concordam. Há quem prefira a linguagem, muito usada no contexto de PCDs, que fala em “pessoa com XX”. Pessoalmente, não gosto e evito.
[Acho que isso é uma confusão originária da visão person-first. No inglês, como o adjetivo vem antes do substantivo, supostamente, acreditam alguns, isso influenciaria negativamente a percepção do que é mais relevante, como se você estivesse diminuindo a pessoa pelo adjetivo ser dito primeiro (autistic people versus people with autism).]
Seja como for, vocês encontrarão nos meus textos diferentes formas de se referir a autismo, dislexia, TDAH ou outros. Em particular, quando estiver falando de questões médicas ou diagnósticas, possivelmente haverá referência a “transtorno”. Faço isso com absoluta ciência de que essa denominação pertence a um referencial específico, a visão médica das coisas, e espero que esteja claro no conjunto da obra que não tenho intenção de ofender, desrespeitar ou medicalizar ninguém.
Para saber mais sobre a plataforma de tecnologia que alimenta esta publicação, visite Substack.com.
